Reza a lenda que em 2000, a confiança do então governador João Capiberibe era tão grande, que ele teria dito que elegeria até um poste, se quisesse, na eleição daquele ano para prefeito de Macapá. Não se sabe ao certo se Capiberibe disse mesmo isso, mas é fato que a profecia se cumpriu. João Henrique Pimentel venceu a eleição com o número 40 do PSB de Capiberibe
Em 2008, foi a vez de Waldez Góes, reeleito governador, mostrar força nas urnas. Naquele ano, O PDT de Waldez elegeu Roberto Góes para prefeito de Macapá numa virada surpreendente. No primeiro turno, a chapa composta por Camilo Capiberibe e Randolfe Rodrigues teve 33,07% dos votos válidos contra 26,53 de Roberto. No segundo turno, no entanto, Roberto venceu com 51,66% contra 48,34% de Camilo.
Em 2012, depois de ser eleito o senador mais bem votado da história do Amapá, Randolfe Rodrigues mergulhou na campanha do então vereador Clécio Luís, tido como azarão porque largou em terceiro, mas ultrapassou Cristina Almeida, candidata do então governador Camilo Capiberibe no primeiro turno e, no segundo turno, derrotou Roberto Góes, que concorria à reeleição pelo apertado placar de 50,59% a 49,41%.
Daí para frente, fenômenos de popularidade e transferência de votos como estes não se repetiram. Sentado na cadeira de governador, Waldez perdeu com Gilvam Borges em 2016 e com Josiel Alcolumbre em 2020. Clécio e Randolfe também não tiveram êxito com Davi Alcolumbre, que não foi nem ao segundo da eleição para o governo em 2018 e nem em 2020, quando Clécio apoiou Josiel e Randolfe apoiou João Capiberibe para prefeito de Macapá.
Neste ano, o prefeito Antônio Furlan é a bola da vez. Empolgado com a vitória de 2020, Furlan é o principal fiador da candidatura do vice-governador Jaime Nunes. Não por acaso, Jaime cola em Furlan para ver se cola com o eleitor. De domingo a domingo, os dois estão nas ruas, visitando áreas de ponte, inaugurando obras ou anunciando as boas novas da gestão municipal, como manda o figurino da eleição.
Longe de ser um poste ou azarão, como João Henrique e Clécio pareciam e, apesar de não ter se destacado como vice-governador, Jaime é um empresário de sucesso na iniciativa privada. Com pernas próprias, conseguiu chegar ao segundo lugar nas pesquisas internas e espera pegar carona na popularidade de Furlan para disputar o segundo turno com o ex-prefeito Clécio Luís, que lidera as intenções de voto.
Resta saber se Furlan, no auge da lua de mel com o eleitor, já tem a mesma capacidade de transferência de votos que Capiberibe teve para eleger João Henrique em 2000, Waldez para eleger Roberto Góes em 2008 e que Randolfe teve para eleger Clécio em 2012. Se vencer com Jaime, Furlan não só sai grande da disputa, como também se credencia para a reeleição em 2024. Se perder, no entanto, entra prefeitão e pode sair prefeitinho.
