Jaime e a “panemagem” dos vice-governadores do Amapá
Se Jaime Nunes vencer a eleição deste ano, será o primeiro vice-governador que concorre ao governo como cabeça de chapa a ter sucesso. Dos seis vices que antecederam Jaime, quatro nem chegaram a ser candidatos ao governo e os outros dois que concorreram, perderam a disputa sentados na cadeira de governador.
Jaime é o sétimo vice. Depois de um período de incerteza, Nunes colou no prefeito Antônio Furlan e gasta sola de sapato de domingo a domingo se apresentando ao eleitor. Na rua, na chuva, na fazenda ou numa de casinha de sapê, quem procura por Furlan, sabe onde Jaime está. O esforço é para alcançar o ex-prefeito Clécio Luís, que lidera as pesquisas de consumo interno.
É inegável que com a saída do senador Randolfe Rodrigues da disputa, Jaime passou a polarizar a eleição com Clécio e tem chances de vencer. Mas a história mostra que a trajetória dos vice-governadores do Amapá não é muito auspiciosa. Rompimentos, conspirações, traições e derrotas fazem parte da “panemagem” ou má sorte política deles, como se verá a seguir no retrospecto feito pelo blog.
O primeiro vice-governador eleito no Amapá foi Ronaldo Borges (PFL), na chapa de Aníbal Barcelos (PFL) em 1990. Os dois brigaram logo no primeiro ano de governo. Como na época não havia reeleição, Barcelos ficou até final do mandato e foi eleito prefeito de Macapá na eleição seguinte. Ronaldo concorreu a deputado federal, perdeu e não quis mais saber de política desde então.
Ildegardo Alencar (PT) foi o segundo vice. Ele se elegeu junto com João Capiberibe (PSB) em 1994. Em 1998, foi candidado ao Senado, mas perdeu para o ex-senador José Sarney e nunca mais se candidatou. Ao disputar o Senado, Ildegardo cedeu o lugar de vice para Dalva Figueiredo (PT) na chapa de Capiberibe, reeleito no mesmo ano.
Em 2002, Capiberibe renunciou ao mandato para concorrer ao Senado, Dalva virou governadora e resolveu disputar a reeleição, mas não teve o apoio do PSB, que apresentou Cláudio Pinho como candidato. Dalva chegou ao segundo turno da eleição, mas foi derrotada por Waldez Góes (PDT), que contou com uma ajudinha marota do grupo político dos Capiberibe.
O quarto vice-governador foi Pedro Paulo Dias de Carvalho (PP). Eleito com Waldez em 2002 e reeleito em 2006, assumiu o governo em 2010, quando Waldez renunciou para concorrer ao Senado. Com a gestão em alta, Pedro Paulo crescia nas pesquisas e tinha chance de ir ao segundo turno, mas foi preso pela Operação Mãos Limpas na fatídica manhã do dia 10 de setembro de 2010 e terminou em quarto lugar com cerca de 13% dos votos.
Na sequência, Dora Nascimento (PT) é a quinta vice. Eleita com Camilo Capiberibe (PSB) em 2010, foi substituída pelo professor Rinaldo na eleição de 2014. A petista disputou o Senado, mas ficou em quarto lugar com 10% dos votos. Em 2016 foi candidata a prefeita de Macapá e teve 1% dos votos. Em 2018 concorreu a deputada federal, mas não teve os votos validados por problemas com a justiça eleitoral e não foi eleita novamente.
Papaléo Paes (PSD) é o sexto vice-governador. Ex-prefeito de Macapá e ex-senador da república, foi eleito com Waldez Góes em 2014 e substituído por Jaime Nunes em 2018. Ao ser informado da troca, se sentiu traído e renunciou ao cargo dizendo ter levado uma “cutelada”. Decepcionado e afastado da política partidária, Papaléo faleceu no dia 25 de junho de 2020 depois de dias internado em decorrência dos sintomas da COVID-19.