Talvez você ainda não tenha ouvido falar de Dodson Kennedy ou do Bola, como é popularmente conhecido, mas esse líder comunitário diz contar com a audiência de pelo menos 200 mil pessoas que ouvem e interagem com o Fala Comunidade, programa apresentado por ele e por Jean Bambam, de segunda a sexta-feira, na rádio Forte FM. Tamanho sucesso levou Bola a lançar pré-candidatura a deputado estadual na eleição deste ano. “A gente deve ter entre oito e nove mil votos, mano. Se deus abençoar e a gente ganhar pra deputado, depois a gente vem pra prefeito representando o movimento popular”, diz ele em tom otimista.
De origem humilde, Bola e Bambam são criticados pelos “intelectuais”, como eles chamam os críticos, por causa dos “erros” de português e o estilo irreverente com o qual conduzem o programa. Mas Bola acredita que é exatamente isso que fez a dupla cair no gosto dos ouvintes e aposta nessa popularidade para se eleger deputado. “Nós somos comunicadores, dois “birissicas”, mas nós falamos a língua do povo e o povo quer uma pessoa que represente a comunidade, que não cale, que lute em prol da comunidade. O povo quer escutar a verdade, ele já cansou de ser enganado”, afirma.
O termo “birissica” geralmente é usado de forma pejorativa para ofender ou desfazer de alguém, mas na definição de Bola também é o mesmo que Zé Ninguém, uma pessoa do povo, que vive as mesmas dificuldades das pessoas mais humildes. E é por acreditar nessa identificação que Bola tem participado de reuniões diariamente com os moradores das áreas periféricas de Macapá. “As pessoas dizem: eu vou tirar uma foto contigo liso, mas depois quero uma como deputado”, conta.
Quem já ouviu o programa sabe que Bola e Bambam não têm papas na língua. Falam o que vem a cabeça e isso tem agradado e desagradado muita gente. Certa vez, Bola recebeu ameaça de um assessor de político descontente com resultado de uma enquete. “Ele disse que ia me dar um soco na boca e eu tô esperando até hoje”, conta em tom desafiador.
Sem dinheiro para financiar a campanha, Bola aposta no descontentamento do eleitor com os políticos que exercem mandato atualmente. “Acredito no povo, na nossa comunidade. Esse é o momento e a gente não pode deixar passar a oportunidade”, diz. E se eleito, promete continuar a agir do mesmo jeito e até sacrificar o próprio salário em prol da comunidade. “Eu vou ser o deputado do povão. Problema que o governador e o prefeito não resolverem como a falta de água, eu vou resolver tirando do bolso”, enfatiza.
Preconceitos a parte, o discurso é bom e bem entendido pelo eleitor. Bola é bacharel em teologia e está filiado ao PSOL.