Livros caixa apreendidos pela Polícia Federal na casa da chefe de gabinete do deputado Alberto Negrão (PP) apontam que todas as despesas pessoais dele eram pagas com dinheiro desviado da Assembleia Legislativa, no esquema conhecido como “rachadinha”, onde o deputado ficava com até 70% do salário, férias, 13º salário, indenizações e restituição do imposto de renda dos assessores nomeados no gabinete dele.
Tudo era anotado minunciosamente. Além de várias retiradas de Negrão, a contabilidade registra pagamentos de um terreno comprado no Ariri, faturas de cartão de crédito, contas de luz e telefone, IPVA de veículos, jantares, compra de material para reforma de casa, computador para a clínica do deputado, que também é médico, material para caipirinha, cerveja e até a comida do cachorro do deputado.
São muitas as despesas em referência a Thor, o pet da família. Consultas médicas, banho, coleira, exames, remédio para carrapato, internação em clínica veterinária. Thor era tratado como filho. Enquanto isso, de acordo com a PF, uma mulher chamada Milca, “sócia” e assessora de Negrão, mesmo em estado de câncer avançado não ficava com nada do que recebia e tinha que mendigar apoio financeiro para o tratamento da doença.
Em diálogo retirado de um aplicativo de mensagem, Milca pede ajuda a Mirlene, mulher de Negrão, também acusada de fazer parte do esquema. A assessora e sócia de Negrão fala das dificuldades que vem passando e recebe a promessa de que receberia 400 reais como recompensa aos serviços prestados ao grupo. O valor que seria repassado mensalmente a Milca é pouco superior ao gasto em único dia com a ração de Thor, que chegava a custar até 300 reais.
Confira parte da contabilidade do esquema criminoso:
Nesta terça-feira, 01, Negrão foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e corrupção eleitoral. A assessoria do deputado disse que ele ainda não se manifestar sobre o assunto.
