Para onde vão os votos de Randolfe?

Essa é a pergunta que muito se faz depois que o senador Randolfe Rodrigues (Rede), que aparecia em segundo lugar nas pesquisas de consumo interno, anunciou que não vai mais concorrer na eleição para ao governo do Amapá para se dedicar a coordenação da campanha do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva na região norte.

Para tentar responder a essa questão, o blog ouviu dois consultores políticos que atuam em campanhas eleitorais no Amapá: o jornalista Carlos Sérgio Monteiro da CP3 Consultoria e o professor Max Santos da Millenium Consultoria Política. Os dois divergem quando apontam o caminho que os votos que seriam dados a Randolfe Rodrigues devem percorrer, mas ajudam a entender melhor o que pode acontecer.

Para Max, o ex-prefeito Clécio Luis (sem partido) é quem mais se beneficia com a saída de Randolfe da disputa.

“O Randolfe unificaria o voto da esquerda, mas o Lucas Abrahão não é o Randolfe. Ele não construiu um nome, não tem envergadura política. Ele vai receber uma boa parte dos votos do Randolfe, sim. Mas o Clécio deve ser o maior beneficiado por liderar as pesquisas, ser uma candidatura mais de centro/esquerda e um dos possíveis candidatos a dar palanque para ex-presidente Lula. No caso do Jaime Nunes (Pros), ele já tem o voto bolsonarista, porque ficou identificado como Bolsonarista depois de ter colado publicamente em Bolsonaro na última vez que o presidente veio ao Amapá e agora ele busca o voto progressista. Mas por conta dessa aproximação com Bolsonaro, dificilmente o eleitor de Randolfe votaria no Jaime”, explica Max.

Perguntado se não seria muito cedo para fazer qualquer prognóstico, o professor avança ainda mais na análise.

“A saída do Randolfe amadurece a possiblidade do Clécio vencer no primeiro turno. O Randolfe na disputa, dificultava a subida do Clécio, mas sem ele, o caminho fica livre. Eu já vi várias pesquisas de consumo interno que apontam nesse sentido. Por isso, na minha avaliação, boa parte dos votos do Randolfe vão para o Clécio”, reforça.

Max Santos acredita que Clécio será o mais beneficiado com a saída de Randolfe da disputa

Um pouco mais cauteloso e contrário ao pensamento de Max, Carlos Sérgio diz que diz os votos de Randolfe podem ser herdados por Lucas Abrahão, que foi anunciado recentemente como substituto do senador na eleição.

“A saída do senador Randolfe da disputa pode abrir a possiblidade de uma revolução. O Lucas Abrahão pode unir a esquerda amapaense. É claro que não é uma tarefa fácil, mas ele é jovem, tem boa formação e com o apoio do senador Randolfe Rodrigues, bem relacionado com o presidente Lula, isso pode acontecer. Então ele pode entrar na disputa e ocupar o lugar que era ocupado por Randolfe, já que o vice-governador Jaime Nunes entrou na campanha recentemente e ainda não conseguiu avançar” diz Monteiro.

Carlos Sérgio diz que Lucas Abrahão pode unificar a esquerda e manter votos que seriam dados a Randolfe

Ainda mais cauteloso, Carlos Sérgio diz que essa análise é feita com base na experiência de várias campanhas políticas das quais participou ou acompanhou ao longo de mais de 30 anos, mas que apenas as pesquisas de intenção de voto registradas vão poder dizer quem será o herdeiro dos votos de Randolfe.

“Toda semana tem pesquisa para presidente. Aqui no Amapá ainda estamos em voo cego”, finaliza.

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