O deputado estadual Alberto Negrão (PP) foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de associação criminosa, peculato, corrupção eleitoral e lavagem de dinheiro. Além de Negrão, também foram indiciados parentes e auxiliares acusados de formar uma quadrilha que desviou recursos da Assembleia Legislativa do Amapá (ALAP), por meio de um esquema conhecido como “rachadinha”, no qual assessores eram obrigados a devolver até 70% dos salários para o deputado.
Com base em depoimentos, mensagens extraídas de celulares e documentos coletados em buscas e apreensões realizadas pela Polícia Federal, o delegado José Roberto Pires de Araújo concluiu que Negrão não só tinha conhecimento da prática criminosa, como também administrava o esquema com mão de ferro. Era ele quem definia quanto cada assessor deveria ficar e quanto deveria devolver para ele.
Além de parte dos salários, negrão também ficava com o dinheiro das férias, 13º salário, indenizações e até com recursos da restituição do imposto de renda dos assessores nomeados para o gabinete.
“Estas pessoas não prestavam qualquer tipo de trabalho, apenas cediam seus dados e contas bancárias para a organização criminosa, após nomeados como assessores e recebendo remuneração da ALAP, quase a totalidade desses recursos deveria ser repassada para organização criminosa. Estes assessores, que a maior parte não trabalhava, eram obrigados a repassar todos os valores que recebiam como remuneração mensal, décimo terceiro salário, férias e indenizações”, diz a PF.
De acordo com a PF, Negrão também usava notas falsas para receber dinheiro da verba indenizatória. O esquema continuou mesmo depois que a Polícia Federal deflagrou a operação Terça Parte, que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao deputado para colher provas sobre a prática ilícita. A organização apenas mudou o modo de operar, usando os nomes de outras pessoas para a emissão das notas, pagando dando a elas uma parte, mas sempre ficando com quantia maior.
Toda a movimentação financeira do esquema está registrada minunciosamente em livros caixa apreendidos pela Polícia Federal. A investigação começou na véspera da eleição de 2020, onde o grupo pessoas ligadas ao esquema de Negrão foi conduzido à PF acusado de comprar votos com o dinheiro da rachadinha, cestas básicas e consultas médicas. Negrão já teve um pedido de prisão e duas decisões de afastamento do cargo, mas Assembleia Legislativa optou por mantê-lo como deputado.