Macapá passou a ter eleições em dois turnos a partir de 2008. De lá pra cá, foram quatro disputas, três delas marcadas por zebras: quem ficou na frente no primeiro turno, acabou derrotado no segundo. Quem inaugurou a sequência de zebras foi o ex-governador Camilo Capiberibe que, em 2008, disputou o segundo turno com o ex-prefeito Roberto Góes. Camilo ficou na frente no primeiro com 33,07% dos votos contra 26,53% de Roberto. No segundo turno, no entanto, veio a virada: Roberto venceu com 51,66% contra 48,34% de Camilo.
Na eleição de 2012, outra virada: Roberto Góes saiu na frente com 40,18% no primeiro turno contra 27,89% de Clécio Luís, mas perdeu no segundo turno. Clécio foi eleito com 50,59% contra 49,41% de Roberto.
A terceira e última virada, em 2020, pode ser considerada a maior zebra de todas as eleições para prefeito da capital. Na primeira pesquisa Ibope, o ex-senador João Capiberibe liderava a disputa com 17%, Josiel Alcolumbre era segundo colocado com 16%, a ex-deputada Patrícia Ferraz e o atual prefeito Antônio Furlan apareciam empatados em terceiro lugar com 13%. Na segunda pesquisa Josiel subiu de 16% para 31%, Capi continuou com 17%, Patrícia e Furlan permaneceram com 13%. Tudo indicava que Josiel, que estava em franca subida, venceria no primeiro turno. Mas eis que aparece uma pedra no meio do caminho: o apagão.
Na última pesquisa, antes do segundo turno, Josiel despencou de 35% para 26%, Patrícia Ferraz subiu de 13% para 18%, Furlan foi de 13% para 17% e Capiberibe caiu de 17 para 13%. O resultado do primeiro turno foi ainda mais surpreendente: Josiel teve 29,47% e Furlan ficou com 16,03%. No segundo turno, a coisa se inverteu: Furlan venceu a eleição com 55,67% contra 44,33% de Josiel.
Sair na frente, como mostra o retrospecto, não tem sido um bom negócio. Para quem diz que a eleição deste ano está definida, ficam lições várias lições. Pesquisas eleitorais são o retrato de um momento. O que é hoje, pode não ser amanhã. Eleições, como tudo na vida, tem suas variáveis, seus fatos inesperados (o apagão, por exemplo). Por mais favorável que o quadro pareça, não se deve cantar vitória antes do tempo. Como diz o jornalista Carlos Lobato, “eleição e mineração, só depois da apuração”. Fica a dica!