Furlan só ganha no primeiro turno se adversários “jogarem a toalha”

É inegável que o prefeito Antônio Furlan lidera a eleição para a prefeitura de Macapá em 2024. Até porque é o único candidato posto, de fato, na disputa. Vendo Furlan jogar sozinho, o fã clube do prefeito solta o grito de “já ganhou no primeiro turno”. No entanto, é bom ter cuidado com esse salto alto. Macapá passou a ter eleições em dois turnos a partir de 2008. De lá para cá, nunca um candidato venceu no primeiro turno.

É importante lembrar que para vencer no primeiro turno, não basta apenas ser o mais votado. Para ganhar, o candidato tem que alcançar mais de 50% dos votos válidos (excluídos brancos e nulos) e isso, como foi dito, nunca aconteceu. E não é por acaso. Entre analistas políticos, é consenso que eleições com, no mínimo, quatro candidatos competitivos nunca se definem no primeiro turno. Olhando para o histórico das eleições na capital, a teoria se confirma.

Em 2008, no primeiro turno, Camilo Capiberibe teve 33%, Roberto Góes 26%, Lucas Barreto 25% e Dalva Figueiredo 5%. Em 2012, Roberto Góes teve 40%, Clécio Luís 27%, Cristina Almeida 10% e Davi Alcolumbre também (10%), no primeiro turno. Em 2016, Clécio Luís teve 44%, Gilvam Borges 26%, Aline Gurgel 11% e promotor Moisés teve 11%, no primeiro turno. Por fim, em 2020, no primeiro turno, Josiel Alcolumbre teve 29%, Furlan 16%, João Capiberibe 14%, Cirilo Fernandes 11%, Patrícia Ferraz 11% e Guaracy Jr 8%.

A regra é clara: quanto mais candidatos competitivos em uma eleição, menor é a chance de a disputa terminar no primeiro turno. Isso porque os votos ficam mais divididos, impossibilitando que se ultrapasse os mais de 50% de votos válidos. Portanto, se a eleição estiver polarizada entre Furlan e um outro candidato (da oposição) a chance de terminar no primeiro turno é grande. No entanto, se outros nomes competitivos entrarem na disputa, a coisa muda de figura.

Em um exercício de imaginação, consideremos que o governador Clécio Luís e o senador Davi Alcolumbre lancem um candidato. Da mesma forma, imaginemos que a Assembleia Legislativa e o PDT do ministro Waldez Góes escolham mais dois nomes. Acrescente também um candidato que surfe na onda do presidente Lula e um outro na onda do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nesse cenário, contando com Furlan, poderíamos ter até seis candidatos de grupos fortes e organizados, cada um com o seu quinhão de votos assegurado.

Se a regra diz que com quatro candidatos competitivos, a chance de vencer no primeiro turno é mínima, com seis, ela passa a ser menor ainda. Logo, é possível dizer que, ainda que esteja bem colocado na disputa, Furlan só vence no primeiro turno, se os adversários desistirem de lançar nomes com potencial de votos ou optem por escolher um candidato único, deixando a eleição polarizar.

Em se mantendo as coisas como estão, também é possível dizer que Furlan estará no segundo turno. E aí, como se sabe, começa outra eleição. Mas isso pode ser tema de outra análise. Nesta, o importante é dizer que Furlan só liquida a fatura no primeiro turno se os adversários jogarem a toalha.

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