No início do ano 2000, corria a lenda de que o senador João Capiberibe (PSB) elegeria até um poste, se assim desejasse. Tamanha era a força política, que a profecia se cumpriu. Naquele ano, o PSB elegeu João Henrique Pimentel para a prefeitura de Macapá. Mas o tempo passou e 17 anos depois, Capiberibe tem dificuldade de renovar o próprio mandato de senador.
Dos senadores que devem disputar a reeleição em 2018, no caso Capiberibe e Randolfe Rodrigues (Rede), apenas um se reelege. Isso é consenso de todas as análises políticas. A segunda vaga deve ser disputada pelos candidatos alinhados mais a direita, entre eles Lucas Barreto e o candidato escolhido pelo grupo liderado pelo governador Waldez Góes (PDT).
Considerando o isolamento do PSB e as sucessivas derrotas do partido, fica clara a desvantagem de Capiberibe numa possível disputa com Randolfe.
Mesmo com Camilo Capiberibe no governo em 2012, Cristina Almeida não chegou nem no segundo turno da eleição para a prefeitura da capital. Em 2014 o próprio Camilo foi derrotado por Waldez com uma diferença de mais de 70 mil votos. Em 2016, novo revés: Ruy Smith não teve nem oito mil votos na eleição para prefeito de Macapá. O candidato dos Capiberibe ficou atrás até do sindicalista Genival Cruz (PSTU).
Além disso, o PSB também não conseguiu reeleger os quatro vereadores que tinha na Câmara: Washington Picanço, Alan Ramalho, Neuzinha Velasco e Professor Madeira. Já a Rede Sustentabilidade de Randolfe, reelegeu o prefeito Clécio Luiz e formou a maior bancada no parlamento municipal com Professor Rodrigo, Nelson Souza e Dreizer Alencar.
Diante do cenário difícil, fala-se que Capiberibe avalia abrir mão da vaga de senador para concorrer ao governo do estado. Pelo plano, o ex-governador Camilo seria o candidato do PSB ao senado e Janete Capiberibe tentaria a reeleição para a Câmara Federal. Se fosse em 2000 seria possível dizer que Capiberibe tinha chances de eleger a si mesmo, o filho, a esposa e quantos outros postes desejasse, mas as coisas mudaram muito de lá pra cá. As últimas eleições são prova inconteste disso.
Desprezado até mesmo pelo PT, o PSB não consegue montar coligação que faça frente às chapas de Davi Alcolumbre (DEM) e Waldez, tido como protagonistas da eleição para o governo em 2018. Com candidatura chapa pura novamente, Capiberibe não só sairia derrotado, como também colocaria em risco o mandato de Janete, que precisaria de votação muito alta para atingir o cociente eleitoral e inviabilizaria a candidatura de Camilo ao senado.
Com a possibilidade de derrota se tornando cada vez mais real, no PSB, já há quem defenda que Capiberibe desista de concorrer e tente encaixar Camilo como candidato a deputado estadual e Janete como federal, preferencialmente no grupo que terá Davi como candidato ao governo.
Seria talvez a única alternativa para manter o clã vivo na política amapaense, mas gente que conhece Capiberibe de longa data, diz que a vaidade não permitiria que o PSB desse um passo atrás para quem sabe, avançar mais a frente. O quadro é critico. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. E agora, João, para onde?